Pesquisadores brasileiros anunciaram a descoberta do fóssil da formiga mais antiga já registrada no planeta. O achado ocorreu na região da Chapada do Araripe, no interior do Ceará, e está sendo considerado um marco para a paleontologia mundial. A espécie foi batizada de Vulcanidris cratensis, uma referência à Formação Crato, onde foi encontrada.
A espécie pré-histórica e sua importância
Com idade estimada em 113 milhões de anos, o fóssil pertence a um grupo extinto conhecido como formigas-do-inferno (Haidomyrmecinae), caracterizadas por mandíbulas curvadas para cima e cabeças longas e achatadas. Esses traços anatômicos únicos indicam hábitos de caça predatórios e comportamento social já desenvolvido no Período Cretáceo.
Segundo os cientistas, o fóssil está incrivelmente bem preservado e foi analisado por microscopia de varredura em parceria com universidades da França e Alemanha. A descoberta antecipa em mais de 13 milhões de anos o registro fóssil anterior mais antigo da família Formicidae, até então a exemplares em âmbar encontrados na França e em Mianmar.
Região do Cariri continua revelando tesouros
O achado reforça a importância da Chapada do Araripe como um dos mais ricos sítios paleontológicos do mundo. A Formação Crato, localizada nos municípios de Nova Olinda e Santana do Cariri, já revelou fósseis de dinossauros, peixes, libélulas, folhas fossilizadas e até embriões.
De acordo com o paleontólogo Heitor Rebouças, da Universidade Regional do Cariri (URCA), “esse tipo de descoberta é essencial para entender a evolução dos insetos sociais e comprova que o Nordeste é um verdadeiro berço da história da vida na Terra.”
Iniciativas para preservação e turismo científico
O governo do Ceará e a Universidade Regional do Cariri trabalham em conjunto para valorizar o patrimônio paleontológico local. O Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens, em Santana do Cariri, receberá o exemplar da Vulcanidris cratensis e prepara uma nova exposição sobre insetos fósseis da era dos dinossauros.
Além da pesquisa científica, há planos para fomentar o turismo científico na região, com visitas guiadas, trilhas ecológicas e oficinas para escolas públicas. O objetivo é despertar o interesse das novas gerações para a ciência e estimular a economia local.
Implicações globais da descoberta
A descoberta do fóssil no Ceará muda o que se sabia sobre a origem das formigas e impacta diretamente os modelos evolutivos sobre a expansão dos insetos sociais. “Essa espécie nos mostra que as formigas já estavam bem estabelecidas como predadores há mais de 110 milhões de anos, ainda no período dos dinossauros”, explicou a pesquisadora sa Claire Moreau, que participou da análise.
Brasil no centro da paleontologia mundial
Com este achado, o Brasil reforça seu papel no cenário da paleontologia internacional. A Vulcanidris cratensis a a ser o fóssil mais antigo do mundo entre as formigas, superando achados asiáticos e europeus.
A expectativa é que novas escavações revelem ainda mais espécies únicas na região, ampliando o conhecimento sobre os ecossistemas do Cretáceo Inferior. O Nordeste brasileiro, especialmente o Ceará, se firma como território-chave para entender a biodiversidade do ado e suas conexões com a evolução da vida na Terra.