Saúde

O primeiro sinal de ansiedade não é uma crise de pânico. Psicólogo lista 8 sintomas que muita gente ignora

Psicólogo aponta os 8 primeiros sinais de ansiedade que surgem antes de uma crise de pânico. Entenda como identificar e agir precocemente.

Mulher jovem com expressão de medo e ansiedade, abraçando a si mesma em meio a uma multidão borrada ao redor - @Reprodução
Mulher jovem com expressão de medo e ansiedade, abraçando a si mesma em meio a uma multidão borrada ao redor - @Reprodução

Ao contrário do que muitos imaginam, a ansiedade não começa com uma crise de pânico ou falta de ar repentina. Segundo especialistas, os primeiros sinais desse transtorno costumam ser sutis, progressivos e facilmente ignorados na correria do dia a dia. Por isso, identificar os indícios iniciais pode ser a chave para evitar quadros mais graves.

Conversamos com o psicólogo clínico Rafael Farias, que listou os 8 sintomas silenciosos que costumam surgir antes mesmo de a ansiedade se tornar um transtorno diagnosticado.

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1. Sensação constante de pressa, mesmo sem motivo

Essa sensação de urgência constante, como se o tempo estivesse sempre escapando, é um dos sintomas mais precoces e recorrentes entre pessoas ansiosas. Mesmo em dias tranquilos, a pessoa sente que deveria estar produzindo mais, fazendo mais, ou resolvendo algo. Essa pressa interna está relacionada ao estado de alerta constante do cérebro ansioso, que interpreta qualquer pausa como uma ameaça à produtividade ou ao controle.

Um estudo da Universidade de Harvard identificou que esse estado mental acelerado está diretamente ligado ao aumento da atividade na amígdala, área cerebral responsável pela percepção de perigo. Isso faz com que o corpo reaja como se estivesse sempre em uma situação de risco, mesmo quando não há nenhum motivo real para isso.

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2. Falta de concentração em tarefas simples

A dificuldade de manter o foco em atividades rotineiras, como ler, trabalhar ou até assistir a um filme, pode ser um indicativo precoce de ansiedade. Isso ocorre porque a mente ansiosa tende a se fixar em pensamentos futuros ou hipotéticos, desviando a atenção do momento presente. Esse processo é chamado de “ruminação prospectiva”.

De acordo com a American Psychological Association (APA), pessoas com transtorno de ansiedade generalizada apresentam dificuldade significativa para se concentrar, justamente porque seu cérebro está ocupado com preocupações constantes. Essa falta de presença compromete o desempenho acadêmico, profissional e até social.

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3. Irritabilidade sem explicação aparente

Mudanças repentinas de humor e sensações de raiva ou impaciência sem motivo concreto são muito comuns nos estágios iniciais da ansiedade. A sobrecarga emocional causada por pensamentos acelerados e preocupações constantes desgasta o sistema nervoso, reduzindo a tolerância a frustrações cotidianas.

Um estudo publicado na revista Behavior Research and Therapy mostrou que a irritabilidade é um dos sintomas mais subestimados da ansiedade. Cerca de 90% dos participantes com diagnóstico de ansiedade moderada a grave relataram episódios frequentes de irritação e explosões emocionais.

4. Tensão muscular recorrente

A ansiedade não é apenas mental, ela se manifesta fisicamente. A tensão muscular, principalmente em regiões como pescoço, ombros, costas e mandíbula, é um sinal claro de que o corpo está em constante estado de alerta. Muitas vezes, essa tensão a despercebida até que se transforme em dor crônica.

Segundo a Mayo Clinic, a tensão muscular é um dos sintomas físicos mais comuns da ansiedade. A permanência prolongada nesse estado pode levar a distúrbios musculoesqueléticos, como bruxismo (apertar os dentes durante o sono) ou cefaleias tensionais.

5. Preocupação exagerada com o que os outros pensam

O medo excessivo de julgamento alheio, de errar em público ou de ser rejeitado pode surgir bem antes das manifestações físicas da ansiedade. Esse tipo de preocupação está diretamente ligado à ansiedade social, que afeta significativamente a autoconfiança e a liberdade de expressão.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 13% da população mundial apresenta algum grau de ansiedade social. Esse sintoma leva muitas pessoas a se isolarem ou evitarem interações que poderiam ser saudáveis, por medo de parecerem inadequadas ou ridículas.

6. Dificuldade para dormir ou sono leve demais

O sono é um dos primeiros aspectos afetados pela ansiedade. Pessoas ansiosas têm dificuldade para “desligar” a mente, resultando em insônia, sono leve, pesadelos frequentes ou acordar no meio da noite sem conseguir voltar a dormir. A privação do sono, por sua vez, agrava ainda mais os sintomas de ansiedade no dia seguinte.

Uma pesquisa da Universidade de Berkeley, na Califórnia, concluiu que a falta de sono profundo intensifica a atividade cerebral em regiões associadas ao medo e à ansiedade. Isso cria um ciclo vicioso entre ansiedade e distúrbios do sono.

7. Comportamento compulsivo (comer, roer unhas, checar o celular)

Comportamentos repetitivos e automáticos, como comer em excesso, roer unhas, cutucar a pele ou checar notificações constantemente, funcionam como formas inconscientes de aliviar a tensão causada pela ansiedade. Embora tragam alívio momentâneo, esses hábitos podem gerar culpa ou agravamento da situação.

A Universidade de Cambridge publicou uma revisão apontando que esses comportamentos compulsivos são formas de autorregulação emocional e aparecem com frequência em quadros leves e moderados de ansiedade. São uma espécie de válvula de escape do cérebro para evitar crises mais evidentes.

8. Sensação de que algo ruim está prestes a acontecer

Esse pressentimento constante de que “algo ruim vai acontecer” é um dos sintomas mais característicos da ansiedade. É uma sensação vaga, sem motivo específico, mas que mantém a pessoa em alerta constante, prejudicando a concentração, o humor e a tomada de decisões.

Segundo o National Institute of Mental Health (NIMH), esse sintoma é classificado como “ansiedade antecipatória”. Ele se origina da hiperatividade no córtex pré-frontal, responsável por antecipar eventos e riscos futuros, mesmo que eles não estejam realmente acontecendo.

Quando procurar ajuda?

Se você se identificou com 3 ou mais desses sinais, mesmo que ainda não tenha tido uma crise de pânico, o ideal é procurar apoio psicológico. A ansiedade, quando tratada desde os primeiros sinais, tem tratamento rápido e eficaz, muitas vezes sem necessidade de medicação.

A orientação de um profissional pode prevenir o agravamento do quadro e melhorar significativamente a qualidade de vida.